OIT culpa globalização sem ética por crise do emprego
GENEBRA (Suíça) – A “crise global do emprego” observada atualmente tem entre suas principais causas “uma globalização carente de base ética”, afirmou o secretário-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o chileno Juan Somavia, que reafirmou o compromisso de sua instituição de promover políticas de “emprego decente”, mas ressaltou que quando são adotadas no nível nacional requerem, ao mesmo tempo, medidas internacionais para serem efetivas. “Essa é a importância de uma globalização justa”, disse o diretor da OIT.
Somavia citou o caso dos países africanos produtores de algodão que não podem criar emprego mediante suas políticas nacionais porque “não contam com um sistema internacional que lhes permita exportar seu produto e criar postos de trabalho decentes”. O caso do algodão é objeto de negociações específicas na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde as nações produtoras – Mali, Burkina Fasso, Benin, Chade e Senegal – pedem que os países ricos, especialmente Estados Unidos, ponham fim às milionárias subvenções concedidas em relação a essa matéria-prima.
Somavia sustentou que esse tipo de situação explica a decisão da OIT de abordar “a dimensão social da globalização” como um tema prioritário. Nesse sentido, disse que a crise do emprego também “tem a ver com as organizações que propõem formas de globalização que esquecem as pessoas e suas famílias”, em referência às políticas de ajuste estrutural aplicadas na maior parte dos países em desenvolvimento.
Somavia disse que outra razão para a insuficiente geração de emprego no mundo é a “desconexão entre o crescimento econômico, os investimentos e o emprego”. Segundo ele, em 2004 se obteve um crescimento da economia mundial de 5%, mas só foi possível incorporar 500 mil pessoas ao mercado de trabalho. Somavia, que fez estas declarações na conferência anual da OIT, disse que a falta de emprego constitui uma ameaça para as democracias, as sociedades e as economias abertas. Estas, acrescentou, devem enfrentar “os custos sociais acumulados de políticas econômicas” impostas por entidades internacionais, mas que nunca contribuíram para melhorar sua situação trabalhista. (EFE)
Fonte: Tribuna da Imprensa