Aposentados querem mudar MP do acordo com governo

Aposentados querem mudar MP do acordo com governo

Entidades se sentem traídas e vão sugerir que adesão não seja assinada
Os aposentados estão se sentindo traídos pelo governo. A medida provisória que autoriza a revisão dos benefícios previdenciários concedidos entre março de 1994 a fevereiro de 1997 e o pagamento dos valores atrasados, discutida por quase um ano, não foi publicada como o acertado. A recomendação das entidades de representação das categorias, que aplaudiram a assinatura da MP na sexta-feira, agora é para que, caso persista o texto atual, os aposentados e pensionistas não assinem o termo de adesão ao acordo com o governo. 
O primeiro questionamento é quanto ao prazo de pagamento dos atrasados (veja quadro ao lado) de até seis anos para quem tem ação judicial em curso e de até oito anos para os que não acionaram o Judiciário. O longo prazo foi questionado desde o início pela Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap), que, em protesto, não participou da solenidade de assinatura da MP, semana passada. “Com um prazo tão longo, muitos já terão morrido antes de receberem tudo a que têm direito”, diz João Lima, presidente da entidade. 
João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical, que participou da solenidade, apontou, ao analisar o texto publicado na segunda-feira, várias quebras do acordo. A principal, segundo ele, é o limite de 60 salários mínimos (R$ 15,6 mil) para pagamento dos atrasados. “Pelo menos 38% do 1,88 milhão de pessoas que têm direito ao benefício serão prejudicadas”. Inocentini quer que prevaleça o que manda a lei, ou seja, o pagamento integral.
Além disso, a MP foi publicada com um modelo do termo de adesão. Segundo ele, o combinado é que haveria uma reunião com técnicos do governo para discutir os detalhes. “O governo se antecipou, colocando coisas não acertadas”, reclama.
João Lima, da Cobap, recomenda que os aposentados aguardem até agosto, prazo estipulado para que os acordos comecem a ser assinados. Sua expectativa é de que o presidente Lula reverta a situação até lá, atendendo às reivindicações da categoria. Caso isso não ocorra, ele afirma que irá lutar na esfera parlamentar. “Vamos brigar para que sejam apresentadas emendas corrigindo essas distorções”, defende.    (Nelza Cristina -Jornal de Brasília)