A Previdência privada vai muito bem !

 A Previdência privada vai muito bem !


Enquanto o país vive mais um de seus momentos surrealistas, agora com a enorme confusão que se instalou em relação aos planos de saúde privados e a migração dos planos velhos para planos novos, os planos de previdência complementar aberta seguem muito bem obrigado, navegando ao largo dos problemas, embalado por mar de Almirante e vento a favor, rumo aos seus objetivos sociais mais amplos, como a criação da poupança interna que libere a nação da necessidade de tomar dinheiro no mercado internacional para financiar seu desenvolvimento. 
O grande ano para a previdência complementar deveria, segundo os analistas, ser 2003. A reforma da previdência social seria o grande mote que daria fôlego para o crescimento da previdência complementar, em função de duas grandes razões: a primeira, a criação de um sistema de aposentadoria complementar para os funcionários públicos e, a segunda, o limite imposto para o pagamento máximo da aposentadoria pela previdência social estar abaixo das necessidades de ganho mensal da classe média. 
Além disso, os bancos foram extremamente hábeis em forçar uma migração do dinheiro acumulado nas cadernetas de poupança para os planos de previdência complementar, evidentemente que com enormes benefícios para eles, mas também para os poupadores que passaram a ter uma remuneração mais interessante que os 6% ao ano, pagos pela poupança, com o mesmo grau de garantia. 
Na medida que a crise no início do ano não indicava a possibilidade de uma poupança programada mais consistente por parte de grande parte da população brasileira, 2004 estava sendo visto como um ano onde a previdência complementar não cresceria no mesmo ritmo do ano anterior. 
No entanto, não foi isso que aconteceu e menos ainda o que parece que vai acontecer no segundo semestre. Pelo contrário, a previdência complementar aberta não só manteve o crescimento que vinha apresentando ao longo de 2003, como ainda por cima chegou a crescer mais de 30% sobre os números do ano passado. 
Na base deste desempenho, sob certo aspecto surpreendente, está sem dúvida nenhuma o fato de que a previdência complementar aberta brasileira é vista pela população como uma atividade séria, com produtos interessantes e de rentabilidade bastante competitiva em relação aos outros produtos financeiros, o que é um quadro completamente diferente dos antigos montepios, que deixaram milhares de brasileiros na mão, depois de serem enganados por promessas que nunca foram honradas. 
A manter este crescimento, a previdência privada aberta nacional deverá em pouco tempo responder por uma parte significativa da poupança do país, aumentando rapidamente as reservas atualmente em poder dos fundos de pensão, que são a outra forma de previdência complementar com chances de crescimento sustentável e equilibrado à disposição dos interessados em garantir uma aposentadoria superior ao máximo que será pago pela previdência social. 
Mas a previdência complementar aberta tem, começando pela portabilidade integral, vantagens que a fazem mais interessante do que os fundos de pensão. A previdência privada aberta pode ser utilizada para outras formas de aplicação baseadas em poupanças de longo prazo, além da complementação da aposentadoria. 
Por exempl alguém que queira garantir para os filhos a possibilidade de começar a vida tendo um escritório, ou um apartamento, pode fazer a poupança para isso através de um plano de previdência privada aberta. E o mesmo serve para quem queira garantir os recursos para pagar uma eventual faculdade privada, ou qualquer outro fundo, para qualquer outro tipo de uso, baseado em aplicações sistemáticas por prazos mais longos. 
A manter a toada, que com a recuperação da economia pode aumentar o passo, o futuro da previdência complementar aberta tem tudo para ser rosa e o de quem aplicar nela também. 

(ANTONIO PENTEADO MENDONÇA – O Estado de S.Paulo)